Do plantio ao consumo, o tabaco deixa rastro de destruição. As bitucas de cigarro poluem mais oceanos do que canudos e sacolas plásticas, alerta relatório da NBC News.
O hábito de fumar é uma prática antiga que acomete a sociedade por longos anos. Estima-se que a descoberta do fumo é atribuída aos nativos que pertenciam ao continente americano. Um olhar para a história aponta que os astecas fumavam o tabaco enrolado em folhas, hábito que acontecia há mais de 8 mil anos.
Décadas depois, os europeus reinventaram o consumo do tabaco criando os primeiros charutos. Todavia, por se tratar de uma especiaria cara a população não tinha condições de pagar pelo consumo, o que acabou abrindo caminho para a fabricação dos primeiros cigarros da história. Mais tarde, já no século XX, a ascensão à cultura do tabagismo ganhou força com as mensagens das propagandas associando o produto a um estilo de vida glamuroso, independente e moderno.
E como se não bastasse o impacto que a indústria do tabagismo causa para a saúde, o cigarro se tornou um vilão para o meio ambiente.
Do plantio ao consumo, o tabaco deixa rastro de destruição. O plantio e a secagem das folhas – ou cura, como chamam os fabricantes – são responsáveis por mais de 75% da pegada de carbono do tabaco. O processo leva muita terra, energia e água, além de pesticidas e fertilizantes que degradam o solo e poluem rios.
Impacto nos oceanos
As bitucas de cigarro, por exemplo, poluem mais oceanos do que canudos e sacolas plásticas, é o que mostra o relatório da NBC News. De acordo com a ONG Cigarett Butt Pollution, 70% das aves e 30% das tartarugas marinhas já possuem resíduos de bitucas em seu organismo.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o número aproximado de fumantes no mundo é de 1,6 bilhões. Esse número de pessoas joga fora por dia, de acordo com informações da Autoridade para Condições de Trabalho (ACT), cerca de 7,7 bitucas. Em um cálculo simples é possível mensurar que diariamente 12,3 bilhões de bitucas são descartadas.
A preocupação com o descarte incorreto de bitucas ocorre pelo material de fabricação que vem sendo usado ao longo dos anos. Os filtros feitos de acetato de celulose, uma forma de plástico, pode levar uma década ou mais para se decompor.
Maus hábitos
Uma outra prática comum e tipicamente brasileira é o “lançamento de bitucas”, o “esporte” onde ninguém sai ganhando, acontece, comumente, em frente a bares e restaurantes das cidades.
A lei antifumo nº 12.546/2011 que proíbe o uso de cigarros em ambientes fechados agravou ainda mais o problema. Quem fuma na rua não encontra cinzeiros e lixeiras adequadas para o descarte, e consequentemente esse resíduo não tem a coleta correta.
O que parece ser tão pequeno e inofensivo é alvo de grandes acidentes ambientais. Estima-se que 25% dos incêndios florestais no Brasil são causados por pontas de cigarro. As estações secas aliadas ao descarte incorreto acabam ocasionando incêndios de grandes proporções. As queimadas além de prejudicar a vegetação, liberam fumaças e atrapalham a visão de motoristas podendo provocar graves acidentes de trânsito.
Solução
Felizmente já existe reciclagem para as bitucas e quando coletadas e destinadas corretamente, elas podem ser utilizadas na siderurgia e na construção civil. Mas parar de fumar ainda é a melhor maneira de resolver esse problema.
Reflita e considere os riscos!
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